O teorema de Fubini em variedades

Suponhamos que nos são dadas variedades Riemannianas $ M$ e $ N$ , ie. variedades com métricas $ {\mathrm{C}}^\infty_{}$ . Suponhamos que é dada uma função $ f:M\rightarrow N$ também $ {\mathrm{C}}^\infty_{}$ . Um teorema devido a A. Sard (de 1942) diz-nos que os pontos críticos6 de $ f$ formam um conjunto de medida nula. Dito de outra forma, quase todos os valores que $ f$ toma são regulares.

Uma consequência mais avançada do teorema7 da função inversa mostrará que os subconjuntos

$\displaystyle {f}^{-1}(q)=\bigl\{x\in M:\ f(x)=q\bigr\},\quad\quad q\in N\ $   valor regular, (19)

são subvariedades mergulhadas, isto é, comportam-se muito bem quando $ q$ é valor regular: existe uma carta especial $ (x_1,\ldots,x_m)$ de $ M$ onde esses conjuntos serão dados por equações

$\displaystyle x_{m-n+1}=0,\ \ldots,\ x_m=0$ (20)

(cf. figura 8, a tracejado). Repare-se que $ M=\cup_{y\in N}\,{f}^{-1}(y)$ .
Figura: Se dim$ M=n$ , dim$ N=n$ e $ q\in N$ é valor regular, então $ f^{-1}(q)$ é variedade suave de dimensão $ m-n$ .
\includegraphics{fig8.eps}

Assim, dada ainda mais uma função escalar $ \Phi:M\rightarrow {\mathbb{R}}$ para dar razão a este esforço, temos uma nova função definida quase por todo o $ N$ :

$\displaystyle q\in N\longmapsto\int_{{f}^{-1}(q)}\Phi(x)\,\Omega_{{f}^{-1}(q)}(x),$ (21)

ver (12). Em particular, se for $ \Phi=1$ , temos o volume de cada $ {f}^{-1}(q)$ .

Suponhamos $ f$ sobrejectiva. Para cada $ x\in M$ podemos definir o Jacobiano de $ f$

$\displaystyle (Jf)(x)=\vert\det\langle {\mathrm d}f_x(e_i),f_j\rangle\vert=\Vert{\mathrm d}f_x(e_1)\wedge\cdots\wedge{\mathrm d}f_x(e_n)\Vert$ (22)

onde $ e_1,\ldots,e_n$ é uma base ortonormada ( $ \langle e_i,e_j\rangle=\delta_{ij}$ ) do subespaço ortogonal a $ \ker{\mathrm d}f_x$ e $ f_1,\ldots,f_n$ é uma base ortonormada de $ T_{f(x)}N$ . Prova-se facilmente que $ Jf$ não depende da escolha de tais bases.

Note-se que $ {\mathrm d}f_x:T_xM\rightarrow T_yN$ é sobrejectiva num valor regular $ y=f(x)$ . Por outro lado, se $ x$ é um ponto crítico, então $ (Jf)(x)=0$ . O seguinte teorema remonta ao grande matemático H. Poincaré (1854-1912).

Teorema 6 (fórmula cinemática, cf. [10])   Se $ \Phi$ é mensurável à Borel e tal que $ x\mapsto\Phi(x)Jf(x)$ é integrável em $ M$ , então a função (21) é integrável e

$\displaystyle \int_N\biggl(\int_{{f}^{-1}(y)}\Phi(x)\Omega_{{f}^{-1}(y)}(x)\biggr)\Omega_{N}(y)= \int_M\Phi(x)Jf(x)\Omega_M(x).$ (23)

Este teorema exprime a forma mais geométrica do conhecido teorema de Fubini.

rpa 2007-11-14