O grupo ortogonal

Consideremos $ SO(n)$ o grupo das isometrias de $ {\mathbb{R}}^n$ de determinante 1: transformações lineares do espaço preservando a métrica euclidiana e a orientação. A sua composição, vindo de $ \langle gu,gv\rangle=\langle u,v\rangle, \ \forall u,v\in{\mathbb{R}}^n$ , é a das matrizes $ g$ tais que $ g^tg=1$ e $ \det g=1$ . Temos de facto um grupo. Claro que da primeira equação resulta logo $ \det g=\pm1$ e nós escolhemos a parte que tem det 1.

Mais, $ SO(n)$ é variedade compacta (fácil) e conexa (difícil). Eis duas propriedades topológicas importantíssimas na compreensão da geometria do grupo ortogonal.

Seja $ M$ o espaço vectorial de todas as matrizes $ a$ de ordem $ n$ e seja $ N$ o subespaço daquelas que são simétricas. Seja $ f:M\rightarrow N$ definida por $ f(x)=x^tx$ . Então $ {f}^{-1}(1)=SO(n)\cup SO(n)^-$ . Claro que $ SO(n)^-$ se refere aos $ g$ tais que $ g^tg=1$ e $ \det g=-1$ .

As direcções em $ M$ tangentes a $ {f}^{-1}(1)$ são aquelas sobre as quais $ f$ não varia, e recíprocamente pois 1 é valor regular. Com efeito, prova-se que $ T_g(SO(n))=\ker{\mathrm d}f_g$ . Como pela regra de Leibniz

$\displaystyle {\mathrm d}f_g(X)=X^tg+g^tX,$    

no ponto $ g=1$ vem $ T_g(SO(n))=\ker{\mathrm d}f_g=\{X\in M:\ X^t+X=0\}$ , ou seja todas as matrizes anti-simétricas. Agora torna-se muito fácil ver a dimensão de $ SO(n)$ : um vector tangente é uma matriz anti-simétrica, portanto descrita pelas entradas do triângulo acima da diagonal principal e excluindo esta por ser nula. Contando, temos a fórmula

$\displaystyle \dim SO(n)=\frac{n(n-1)}{2}.$ (24)

Por exemplo, um ângulo dá-nos as rotações de $ {\mathbb{R}}^2$ e três parâmetros as de $ {\mathbb{R}}^3$ , mas são precisos seis para coordenar as rotações de $ {\mathbb{R}}^4$ ...

rpa 2007-11-14