Paulo Guimarães: os meus livros: história mineira

História mineira e industrial em Portugal (séculos XIX e XX)

Portuguese Mining and Industrial History  (19th to 20th centuries)

Os mineiros da faixa piritosa alentejana

 Indústria e conflito no meio rural: os mineiros alentejanos (1858-1938) / Paulo Eduardo Guimarães. - Lisboa: Colibri/Cidehus, Universidade de Évora, 2001. - 366 pp.; il.

Com o presente livro passa a historiografia portuguesa a dispor de mais um importante capítulo de história do trabalho, a juntar a alguns outros que,  nas duas últimas décadas, têm vindo a suscitar o interesse dos nossos historiadores e sociólogos. Paulo Guimarães escolheu como objectivo de análise uma parcela do movimento operário português, porventura aquela que, pela precariedade da sua existência e pela natureza do deu trabalho, é obrigada a enfrentar o quotidiano mais duro e a vida mais curta, desenvolvendo uma luta que vai adquirindo, ao longo do tempo, crescente força e dignidade.

Tem este estudo a particularidade – nem sempre presente em história social – de articular exemplarmente o desenvolvimento do movimento mineiro alentejano com as especificidades da região em que está implantado, com a evolução da política portuguesa entre as últimas décadas do século XIX e a Segunda Guerra Mundial e com determinantes que derivam da inserção das minas alentejanas no contexto de uma economia internacional dominada pelos grandes centros industrializados, que controlam directamente a produção e constituem os únicos mercados dos nossos minérios, dada a inexistência de indústrias nacionais capazes de os transformar e aproveitar. Da articulação destes vectores resulta uma análise multifacetada excepcionalmente rica do processo de formação de uma consciência operária cuja caminhada para a maturidade plena é cercada, a par e passo, pela intermitência da laboração das minas – sujeita às oscilações da procura externa – e, na fase final, pela ofensiva que o Estado Novo desencadeia contra o movimento operário nos anos trinta, coagindo-o a inscrever-se nos sindicatos oficiais, dentro dos quais irá perder todo e qualquer vislumbre de autonomia e será forçado a adaptar-se a um paternalismo ainda mais opressivo do que aquele que dominava as relações laborais  no século XIX, porque sujeito a um controlo ideológico imposto pelo Estado a nível nacional.”

Sacuntala de Miranda, do texto Prefácio

 

 

 

 

Última actualização 1 de Abril de 2010