Comentários aos géneros musicais

Cada colecção de discos está organizada ao gosto de quem a construiu e utiliza, e eu vou servir-me do modelo que adoptei com a que eu tenho:

Música clássica

É toda aquela cuja transmissão está totalmente dependente de uma partitura. O compositor cuida de anotar todos os detalhes da execução de modo que os sons sejam os que pretende, e com alguma sorte também a expressão o seja. A notação musical foi uma necessidade criada pela prática do Canto Gregoriano, cuja vastidão de repertório terá colocado graves problemas de preservação, pois baseava-se apenas na tradição oral dos conventos e em mnemónicas mais ou menos abstrusas. No século XIV...

Jazz

O Jazz não é exclusivamente o que eu vou definir, mas é-o no essencial e é o que importa:

Internacional/Étnico

Como Internacional tem-se toda a música de língua não-portuguesa (que forma uma secção àparte) "dos adultos", nomeadamente os Sinatras, os Brels, etc... tudo aquilo que se convencionou chamar de "variedades" mas seja do chamado "primeiro mundo".

Como Étnica tem-se igual variedade de origens geográficas mas pegando mais no que são músicas tradicionais dos quatro cantos do Mundo, sejam elas de cariz rústico (muitas daquelas gravações às vezes pouco fáceis de ouvir, porque o som nem sempre é tratado, porque os instrumentos são a atirar para o estridente, porque não se percebe patavina do texto, mas interessantes na mesma porque abrem horizontes auditivos), harmonizações de melodias populares (em geral mais agradáveis, mas nem sempre fáceis de ouvir), géneros mistos com variedades (por exemplo cantores folk russos, grupos latino-americanos ou africanos, etc.), ou formas clássicas não-ocidentais (todas elas asiáticas ou de países do Maghreb).

Acaba por haver muita sobreposição entre estas duas categorias, e o que as torna comns uma à outra é a variedade de países...

Português

Aqui se englobam todas as músicas não-clássicas por artistas dos países de língua portuguesa:

Portugal -- o fado de Lisboa, o fado de Coimbra, a música tradicional, o nacional-cançonetismo, o rock português, os artistas do "Canto Livre"; Brasil -- o samba, a bossa nova, o tropicalismo; Cabo Verde; Angola; Outros; mas uma só alma

Rock/Folk

Nesta categoria englobo toda a música anglo-saxónica e semelhante que, a partir do Rock'n'Roll, se colocou no mercado do grande consumo dos adolescentes e jovens adultos. Música muito sujeita a modas, instintiva, oscilou entre o meia-bola-e-força das épocas germinais (a Pop britânica a seguir à emergência dos Beatles; o Punk), a sofisticação (os períodos entre 1967 e 1973 e entre 1979 e 1983) e o comercialismo (meados dos anos 60; toda a década de 80). A partir da obra de Bob Dylan a música folk passou a coexistir no mesmo espaço que o rock, partilhando públicos.

Actualmente a música rock parece semi-esgotada e dispersa por demasiadas "cenas", sendo sem dúvida a mais criativa...

Dança electrónica

Essencialmente é tudo o que derivou da revolução House de 1986, como o Techno, o Acid, o Rave e muitos etc., mas arrebanhndo para trás o P-Funk de George Clinton e o Hip-Hop. A mais recente incursão é o sem dúvida nenhuma estimulante Drum'n'Bass.

O que há de melhor na dança electrónica abdica mais ou menos radicalmente da canção. É repetitiva porque pretende, à imagem do que se vê nas músicas tradicionais africanas, apenas a dança. É mais o corpo a ouvir do que o ouvido propriamente. Muitos pensam que dizem mal desta música inventada por Disc-Jockeys porque só faz sentido pô-la a tocar em discotecas ou onde quer que a malta vá para dançar. Mas nada de mais certo! Só que isso não tem mal nenhum... até porque a melhor música de dança foi feita por verdadeiros artistas...